quarta-feira, 26 de novembro de 2014

22o CONGRESSO DE PERINATOLOGIA

ESCLARECENDO DÚVIDAS: 22 CONGRESSO DE PERINATOLOGIA
TEMA : ATUALIZAÇÃO EM TOXOPLASMOSE CONGÊNITA

Questão:
1) Toxoplasmose identificada por soroconversão na 36o semana de gestação. Ainda indicado iniciar espiramicina?

Resp: deve-se iniciar o esquema tríplice por se tratar de infecção no último trimestre, considerando-se que a taxa de transmissão pode chegar a 100% no último mês de gestação.


1.1) e se essa criança nasce com exames normais , mas o título de IgG aumentar no acompanhamento, deve-se iniciar o tratamento para o RN?

Resp: o tratamento do RN deve ser iniciado, ou melhor continuado (pois iniciou-se no periodo fetal), com esquema tríplice logo após o nascimento e mantido até que haja 2 resultados de IgG descendentes e IgM negativo.


2) Mãe IgM = na gestação e PCR no LA negativo. Suspenso tratamento com espiramicina. Rn com igG igual ao da mãe e IgM negativo. O que fazer?

Resp: manter RN sem medicação e realizar sorologias IgG ao nascer, nos 1o, 3o, 5o , 8 e 12 meses. Caso os resultados sejam descendentes, manter sem medicação. Se ascendentes, iniciar tratamento. Alta quando o resultado for negativo.

domingo, 23 de novembro de 2014

22o CONGRESSO DE PERINATOLOGIA

22o CONGRESSO DE PERINATOLOGIA e IX Simpósio Internacional de Medicina Fetal,
realizado em Brasília, pela SBP.
Presidente: Dr. Nelson Diniz.

Tive o prazer de ser convidada por Dr. Nelson Diniz participar de mesa redonda com o tema Atualização em Toxoplasmose Congênita.. Após a apresentação, o tempo de discussão com a plateia não foi suficiente para que eu respondesse todas as perguntas. Assim, fiz o compromisso de respondê-las no nosso Blog.
Mas antes de registrar as respostas, faço o registro do meu agradecimento a vocês que estiveram presentes, com interesse de aprimorar o conhecimento sobre o tema> agradeço, ainda,  ao Dr. Paulo Margotto, um exemplo de interesse e persistência na seara do aprendizado médico e de coleguismo, ao apoiar os colegas a galgarem novos espaços na profissão, como faz comigo, ao  possibilitar a vizualização desse blog através do seu site: www.paulomargotto.com.br
Além dos agradecimentos, parabenizo Dr. Nelson pelo sucesso do Congresso, pela impecável organização em todos os níveis e detalhes. Nós, de Brasília, sabemos quanto esforço e dedicação foram necessários para que tudo acontecesse sem falhas para que nós pudéssemos usufruir desse precioso tempo dispensado ao evento.

Bem, vamos às respostas às dúvidas:
1) Paciente com resultados de IgM positivos em 2 gestações sucessivas, com intervalo de 5 anos.
Trata-se de reinfecção? Qual a conduta para o RN?

Resposta: Caso os valores de IgM sejam permanentemente baixos (abaixo de 3 UI/mL), trata-se, provavelmente de infecção crônica.
Nesse caso, o RN não deverá ser investigado.
Caso o valor de IgM tenha aumentado e seja > que 3 UI/mL,  é aconselhável que se a investigação do RN com teste sorológico IgM e IgG, US transfontanela, Rx de crânio, estudo do LCR e exame de fundo de olho. Deverá ser iniciado o tratamento com esquema de pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico e acompanhado no ambulatório para confirmação exclusão ou confirmação diagnóstica.

2) Gestante IgM positiva: iniciar o tratamento do Rn, independentemente do tratamento materno?
Resposta: O tratamento do RN independe do tratamento materno. Caso haja resultado de teste de avidez baixo no 1o trimestre de gestação ou, caso não tenha teste de avidez, o RN deverá ser tratado e submetido aos exames referidos na questão 1. Caso tenha resultado de avidez alta no 1o trimestre de gestação, o RN não deverá ser investigado ou tratado.

3) Deve-se indicar o tratamento do RN mesmo que os exames complementares estejam normais?
Resposta: Sim, caso haja indicação de acordo com as situações referidas nas questões anteriores.

4) Gestante sem resultado de sorologias no pré-natal e resultado de IgG positivo no pós -parto. O que fazer?
Resposta: solicitar IgM da mãe e IgG e IgM do RN. Em caso de IgM positivo da mãe e / ou do RN, realizar exames complementares do RN e iniciar tratamento. Em caso de IgM negativo, acompanhar o RN no ambulatório para exclusão do caso.
Gestante suscetível np pré-natal. O que fazer no pós- parto?
Resp: solicitar sorologia materna. Caso IgG positiva, solicitar do RN (IgG e IgM). Caso IgG maior que ou materno e /ou IgM positiva, realizar exames complementares do RN e iniciar tratamento.

As próximas questões serão respondidas amanhã!


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE TESTES SOROLÓGICOS NA TOXOPLASMOSE

Considerando-se que 90% dos pacientes infectados pelo T. gondii  são assintomàticos, o diagnóstico será embasado na história clínica e nos testes sorológicos. 
Porém, o diagnóstico baseado nesses testes nem sempre é simples. Surgem diversas dúvidas quanto à indicação de solicitação e interpretação dos resultados, fazendo com que esse tema seja permanentemente discutido entre os profissionais que lidam com a gestante e seu filho.
Por isso decidi escrever esse texto para esclarecer algumas dessas dúvidas, antes de tratarmos do tema DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO, que será assunto da próxima postagem.


1) Noções básicas sobre testes sorológicos

Os testes sorológicos foram criados para possibilitar a identificação e a quantificação de anticorpos específicos. Os métodos para identificação dos complexos antígeno-anticorpo (ag-ac ) são divididos em dois grandes grupos: manuais e automatizados.

a) Tipos de testes
 - testes manuais e testes automatizados.
 Os testes manuais são realizados ao microscópio óptico e os testes automatizados são realizados por equipamento específicos, fabricados por laboratórios médicos.

 Não se pode afirmar a superioridade de um ou de outro, pois a sensibilidade e a especificidade dependerão do controle de qualidade de cada um dos testes.



b) Métodos sorológicos

Os testes manuais mais utilizados no diagnóstico da toxoplasmose são o teste de imunofluorescência indireta ( IF ) e hemaglutinacao indireta ( HI )
- teste de IF - o complexo ag-ac é identificado por um anti-anticorpo marcado por fluoresceína
- teste de HI - o complexo ag-ac é identificado por uma reação de hemólise.

Os testes automatizados mais utilizados são ELISA, radioimunoensaio, quimioluminescência

C ) Resulatdos dos testes manuais serão apresentados em forma de títulos e os automatizados e valores numéricos fracionários. 

Os valores de referência serão definidos pelo laboratório.
 
d ) Sobre os anticorpos
Presença  de anticorpos IgG: indica o contato prévio com a doença. A presença de 
anticorpos IgM pode indicar a presenca de infecção aguda, porém não a confirma, na medida em os anticorpos IgM já foram detectados em infecções superiores a dois anos, 
Os anticorpos IgM , ao contrário dos anticorpos IgG, não ultrapassam a barreira placentária. Portanto, a presença de anticorpos IgM no RN é indicativa de toxoplasmose congênita.

d) Teste de avidez 
Trata-se de um teste sorológico com a função de identificar a avidez  ( ou afinidade ) dos anticorpos pelos antígenos e não de quantificá-los.
Após a formação do complexo ag-ac, acrescenta-se ureia  à reação com o objetivo de desfazer as ligações. Quanto mais forte forem as ligações, menos rompimento haverá, indicando maior avidez. Quanto maior a avidez, maior o tempo de infecção.
Interpretação 
Os resultados são dados em números decimais e devemos transformá-los para porcentagem. Os valores de referência para interpretação variam pouco entre os laboratórios e são: avidez menor que 30% ( baixo ) indica infecção ocorrida há menos de 3 meses; avidez maior que 30% ( alto ) indica infecção ocorrida há mais de 3 meses.
Portanto, um teste de avidez baixo no primeiro trimestre de gestação indica infecção aguda.


Na próxima postagem, aproveitaremos esses conceitos para falarmos um pouco do tema : diagnóstico sorológico da toxoplasmose